Felipe Calderón |
Publicado
em 15/05/2012 por Mário Augusto
Jakobskind*
O
México só aparece no noticiário quando há infomações sobre confrontos e
assassinatos na guerra do narcotráfico. O Presidente Felipe Calderón, já em fim
de mandato, o principal responsável pela situação atual, é um aliado
incondicional dos Estados Unidos.
Por
isso e muitas outras, os opositores de Calderón em tom irônico postaram um
anúncio nas redes sociais que dá bem a ideia do governo que se encerra nos
próximos meses.
O
anúncio revela a existência de um “País a venda” e exorta os interessados a
“aproveitarem, a oferta”. E segue afirmando:
“seminovo, não mais de 200 anos de antiguidade. Todos os climas disponíveis.
Rico em petróleo e outros recursos naturais. Problemas de insegurança para os
amantes do perigo e as emoções fortes. Informes: @felipe
calderon”.
Calderón,
do Partido de Ação Nacional (PAN) fez um governo desastroso, aplicando o modelo
econômico neoliberal ao extremo. Tem relações carnais com os EUA ao melhor
estilo do argentino Carlos Menem.
Colocou
o Exército no combate ao narcotráfico nos seis anos de mandato. Deu no que deu,
ou seja, o número de mortos chega a 50 mil e diariamente surgem imagens
impactantes de corpos degolados sem cabeça na luta sem fim entre as várias
quadrilhas.
O
esquema Calderón parece estar totalmente esgotado em todos os níveis. As
pesquisas indicam que o Partido Revolucionário Institucional (PRI) deve voltar
ao poder para governar seis anos com Henrique Peña Nieto, que aparece na frente
das pesquisas disparado.
Os
outros candidatos para as presidenciais de 1 de julho próximo são: López
Obrador, do Partido Revolucionário Democrático (PRD), de esquerda, e Josefina
Vázquez Mota, do mesmo partido que Calderón. O quarto pleiteante é Gabriel
Quadri, do Partido Nova Aliança, a maior zebra. Os mexicanos elegerão também
governadores e parlamentares num total de 638.
O
partido que governou o México por cerca de 70 anos, ou seja o PRI, e produziu
lideranças importantes, como Lázaro Cárdenas, que nos anos 30 nacionalizou o
petróleo e defendeu as riquezas do país para os mexicanos, não é nem a sombra do
que já representou.
É
importante saber o que está acontecendo no país vizinho dos Estados Unidos,
inclusive para os latinoamericanos ficarem alertas em relação a um modelo que só
traz desgraças ao povo. Os gregos que o digam. Aliás, já deram o recado nas
urnas de que não aceitam a austeridade proposta por Angela Merkel, que no ano
que vem será também submetida ao voto popular.
Por
falar em Alemanha, neste último domingo a União Democrática Cristã, partido de
Merkel sofreu uma fragorosa derrota para o Partido Social Democrata (SPD) na
Renânia do Norte-Vestfália. O maior colégio eleitoral do país. Os vencedores
governarão com o Partido Verde e segundo analistas o resultado terá reflexos
nacionais.
A
França deu o recado alijando Nicolas Sarkozy e sufragando o centro-esquerdista
François Hollande, que terá uma grande responsabilidade pela frente com reflexos
em toda a
Europa.
Vale
uma observação sobre o resultado da eleição presidencial francesa. Para muitos
analistas, a resposta está no voto em massa dos muçulmanos no socialista
Hollande. É possível que se não fossem eles a França amargaria mais cinco anos
do desastroso Sarkozy.
Hollande
tem uma grande responsabilidade pela frente, até porque, se falhar, a França
corre o risco da ascensão da extrema-direita com Marine Le Pen, o que seria o
desastre dos desastres e poderia retornar, mesmo como farsa, ao cenário dos anos
30 do século passado.
No
tabuleiro internacional, a América Latina, salvo exceções do México, Panamá,
Chile e Colômbia, tem produzido governos progressistas, embora alguns com altos
e baixos.
Mesmo
na eleição francesa, a opção mais a esquerda de Jean-Luc Mélenchon, que para
muitos analistas pode desempenhar papel de destaque em pouco tempo, remeteu de
alguma forma para a América Latina, lembrando certa proximidade com o Presidente
Hugo Chávez na defesa dos interesses do povo.
Mélenchon
em um ato de extrema coragem política decidiu concorrer nas eleições
legislativas na circunscrição de Pas de Calais, em Hénin, para enfrentar a
extremista de direita Marine Le Pen. Por isso, a região onde Le Pen ganhou para
a Presidência terá uma eleição de caráter nacional e quem não deseja a ascensão
desta herdeira do fascismo francês deve torcer ou pedir a Deus que vença
Mélenchon.
Portanto,
as próximas decisivas semanas devem ser de acompanhamento das urnas na França e
México. A Grécia está prestes a entrar em uma nova fase, porque o recado das
urnas foi bem claro. E além do mais, o principal partido de esquerda não aceitou
abrir mão dos seus princípios, rejeitando assim formar governo de coalizão com
os partidos que aceitaram o arrocho do FMI - Fundo Monetário Internacional. Os
gregos voltam às urnas em junho.
Já
no Brasil, as atenções estão também voltadas para a Comissão da Verdade, que
depois da posse solene e concorrida, começará seus trabalhos a partir desta
quarta-feira. Dos sete integrantes escolhidos destaca-se a psicanalista
Maria Rita
Khel, uma figura interessante que no passado foi detonada pelo jornal O Estado
de S. Paulo por ter escrito um artigo que desagradou aos quatrocentões
Mesquitas. Ela tem se destacado na defesa dos direitos
humanos.
Espera-se
que a Comissão seja mesmo de verdade, não de meia verdade ou de
mentira.
E
as Organizações Globo mais uma vez, seja no jornal ou televisão, desinformaram.
De acordo com a Revista Forbes, várias mulheres foram relacionadas como as “mães
fortes” de 2012.
Em
primeiro lugar ficou Hillary Clinton e depois Dilma Rousseff. Cristina Kirchner,
também citada entre as dez poderosas, simplesmente foi omitida pela sistema
Globo.
O
Pravda da antiga URSS, adotava o mesmo procedimento com as figuras no index da
burocracia. Leon Trotsky, fundador do Exército Vermelho, por exemplo, foi
cortado dos anais. Agora, em defesa intransigente do capital e da
mídia-de-mercado, as Organizações Globo não fazem por menos. Retiraram Cristina
Kirchner exatamente porque ela governa a Argentina defendendo os interesses do
país e muitas vezes entrando em choque com os barões da
mídia.
Enviado por Direto da
Redação
Ilustração de autoria de Aldo
Carlos Malpartida Chaupin
Mário Augusto Jakobskind* é jornalista e escritor. Foi colaborador dos jornais
alternativos Pasquim e Versus, repórter da Folha de S. Paulo
(1975 a
1981) e correspondente da Rádio Centenária de Montevidéu, além de Editor de
Internacional da Tribuna da Imprensa (1989 a 2004) e editor em português da
revista cubana Prisma (1988
a 1989). Atualmente é correspondente do semanário uruguaio
Brecha e membro do conselho Editorial do Brasil de Fato. É autor, entre outros,
dos livros América Que Não Está na
Mídia (Adia, 2006), Dossiê Tim Lopes
- Fantástico/Ibope (Europa, 2004), A
Hora do Terceiro Mundo (Achiamê, 1982), América Latina - Histórias de Dominação e
Libertação (Papirus, 1985) e Cuba -
apesar do bloqueio, um repórter carioca em Cuba (Ato
Editorial , 1986).
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