O vice-presidente da AEPET ,
Fernando Siqueira, afirmou em entrevista à imprensa que a Chevron mentiu o tempo
todo e não informou aos órgãos públicos que perfurou outro reservatório,
localizado mais abaixo em relação ao que vinha sendo explorado antes. “Ela fez
isso sem saber qual era a pressão máxima que poderia encontrar. Esse fato acabou
causando os dois vazamentos da bacia de Campos”. Fernando Siqueira disse
acreditar que o recente afloramento de óleo registrado próximo ao Campo de
Roncador, operado pela Petrobrás, tem ligação com os incidentes ocorridos em
novembro e março no Campo de Frade, operado pela petroleira americana
Chevron.
De acordo com Siqueira, “o
vazamento atribuído ao campo de Roncador é ainda consequência do acidente de
Frade. O reservatório de Frade foi danificado pela Chevron e continua vazando. O
óleo migra pelos veios do terreno e pode atingir grandes distâncias. Neste caso,
o vazamento é próximo de Frade cerca de 500m, segundo os jornais”,
afirmou.
Siqueira afirma que Chevron foi
negligente na segurança e explica perfuração
“A Chevron negligenciou a
segurança por motivo de economia. Ela estava furando um poço. Havia um outro
reservatório nas proximidades de onde ela já produzia. A Chevron conhecia a
pressão deste reservatório vizinho. Então, ela furou esse reservatório. Só que
havia um outro reservatório mais embaixo. Quando ela furou o primeiro, fez um
teste mecânico de resistência do reservatório e chegou a uma pressão em torno de
11
libras por galão. Então, ela dimensionou uma lama tal que
compensasse a pressão desse reservatório, que era 10,5 libras por galão, ou seja,
uma pressão abaixo do limite de resistência do reservatório. E aí então, ela
resolveu furar o reservatório mais embaixo. Mas, para furar esse reservatório
mais embaixo, o correto teria sido revestir o poço nesse trecho, isolar o
primeiro reservatório, que ela furou antes, e prosseguir a perfuração com toda a
segurança, ou seja, a pressão que existisse no reservatório mais embaixo não
iria repercutir no reservatório do primeiro nível, do nível mais acima. Isso
seria o correto”, explica Siqueira, acrescentando que a Chevron correu o risco
de continuar a perfuração e esperava encontrar, no segundo reservatório, a
pressão do primeiro, porque, no outro, onde ela já produzia, a pressão era mais
ou menos nesse nível. Isso é uma achologia. Um risco que não se pode
correr na área do petróleo, principalmente no mar e a grandes profundidades. A
Chevron prosseguiu na perfuração sem ter revestido o primeiro reservatório.
Quando ela atingiu o segundo reservatório a pressão era mais alta do que ela
esperava. Então houve um “quick” de pressão, uma ameaça de o poço jogar tudo
para fora”.
A pressão do reservatório inferior
mais a da lama mais pesada causou o dano no reservatório
superior
Para economizar tempo de sonda,
ela furou o segundo reservatório a poço aberto. Quando atingiu o segundo, em
face da pressão ser bem maior e exigir uma lama bem mais pesada, ela acabou
causando trinca no reservatório superior. E também não fez os procedimentos para
corrigir esse erro. Assim ocorreu o segundo vazamento.
O original foi extraído do Boletim 389 da AEPET
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