sexta-feira, 20 de abril de 2012

“PIMBA NA GORDUCHINHA”


Laerte Braga

Não é nada disso que você possa estar pensando e se estiver, está pensando de forma maldosa e sendo politicamente incorreto, pois a onda é tomar shake para manter a forma e ser “maldosamente” cobiçado/a. E lógico, para não destoar, um pouco de silicone fatal aqui, outro tanto ali e pronto, tudo resolvido.

É simples. Um grupo de deputados estaduais mineiros apresentou um projeto de lei que “cuida da língua” – nada a ver com a definição de algum sábio do ano três mil, segundo o qual “língua é o órgão sexual usado pelos antigos” –. Paulo Francis chamava de blow job.

Segundo os notáveis deputados, dentre eles Bruno Siqueira, paladino da modernidade em sua cidade, Juiz de Fora, pré-candidato a prefeito, determinadas expressões não se coadunam com o espírito que deve formar os jovens nas escolas públicas.

Por esse motivo autores como Guimarães Rosa ficam proibidos. Dos nobres parlamentares – p’ra lamentares – nenhum deles deve ter lido alguma obra desse diplomata e escritor. E se tentaram não passaram da quinta página, se tanto, pois formados na escola que Ivo-viu-a-uva e não viram nada mais.

“Pimba na gorduchinha” era uma expressão usada por Raul Longras, quando locutor esportivo da antiga Rádio Mundial, para dizer que o jogador estava chutando a bola, batendo uma falta, um pênalti, etc. Marca registrada.

Que venham os geriatras e cirurgiões plásticos numa combinação fantástica de juventude eterna e a leitura obrigatória de Minha Vida (Mein Kampf ) de Adolf Hitler. Ou, para facilitar os livros escritos por Plínio Correia de Oliveira em português castiço, defendendo os valores da TFP – Tradição, Família e Propriedade. Uma doença próspera em Minas Gerais apesar de Aécio Neves, Newton Cardoso, Antônio Anastásia, etc.

Num dos últimos filmes de Federico Fellini o ator Roberto Benigno subia as escadas de um celeiro, escadas externas, carregando uma vela. À hora da montagem os técnicos recusaram a idéia do diretor de colocar sombra na luz da vela. A alegação era simples. Luz fraca demais para gerar sombra. Fellini exigiu a sombra e explicou que toda luz gera sombra, ou que de toda sombra acaba surgindo a luz. Lançado o filme os críticos se debruçaram sobre a sombra e seu significado.

O diretor entrou no estúdio e em meio à parafernália de máquinas atirou várias edições de jornais sobre as mesmas, olhou os técnicos e proclamou – “gênio aqui sou eu, vocês operam máquinas. Leiam e tentem entender a sombra”. E depois de uma pausa – “ou a luz”.

Quem gera luz para a Assembléia Legislativa de Minas é a CEMIG.

Castor de Andrade e o Bangu A.C.
Importante nesses dias é a força das cachoeiras. Formam um delta e se espraiam por todos os cantos. Governo federal, governos estaduais, prefeituras, congresso, assembléias, câmaras municipais (adereço dispensável em democracias), inundação daquelas de deixar senador desabrigado e ministro do Supremo sem saber bem para que lado ir, já que VEJA, a principal operadora dos trabalhos sujos desta vez nem no poleiro mais imundo que exista tem como justificar tantos dejetos. Não confunda com saquinhos plásticos que os supermercados paulistas não oferecem mais e nem com a água que o deputado Lellis não sei das quantas, do partido de Kassab, servia a menores em forma de compensação por trabalho escravo nas terras de José Sarney.A que sobrava depois que o gado bebia.

Brejal dos Guajás não fica proibido no projeto dos deputados. É literatura patriótica e de acordo com as regras da TPF.

João Saldanha
O primeiro que eu me lembre a usar a expressão “porrada” no rádio foi o jornalista João Saldanha Chamou Castor de Andrade no braço, mano a mano, sem os seguranças do banqueiro e evidente, o apresentador da resenha esportiva chamou os comerciais.

Saldanha está banido. Breve projeto de lei que proíbe, nos campos de Minas, microfones à beira dos gramados e principalmente perto dos técnicos.

Eu sei que a “porrada” que Saldanha quis com Castor não é pornográfica como VEJA, ou como Demóstenes e nem como o esforço titânico da REDE GLOBO – proprietária de um bordel na TV – em tentar desviar o assunto e evitar, por exemplo, que resvale no cavaleiro da “dignidade” e da “honra” baianas, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto.

Se a CPI do Cachoeira vai ser instalada de fato e transmitida para todo o Brasil no festival de baixarias do clube de amigos e inimigos cordiais o meu receio é que, num dado momento, num assomo de brasilidade, alguma rede ávida de audiência chame Brilhante Ulstra para comentarista.

Vai ter que chegar vestido de oficial nazista, a farda manchada de sangue de torturados, assassinados, etc. e proclamar que tudo é patriotismo se a covardia for o ingrediente básico.

No duro isso é pouco provável, Brilhante Ulstra não deve ter a menor idéia de quem tenha sido Guimarães Rosa.

E olha que aqui não tem aquele negócio de “invoco a primeira emenda”, mas a nomenclatura é outra, ou a forma de dizer, “não sou obrigado a falar nada que possa me incriminar”.

Vai ser incrível ouvir Cachoeira orientado por seus advogados referir-se a Demóstenes como “Doutor” Demóstenes e olhar para o lado, enxergar aquele monte de deputados e senadores que financiou, o governador de Goiás, o ex-governador Paulo Hartung, um mundo de gente, na expectativa de vir a ser crucificado.

Tem obra até na minha cidade, Juiz de Fora, onde o prefeito tucano já garantiu a aposentadoria da família até a quinta geração.

De qualquer forma a CPI não entra nas escolas públicas de Minas Gerais por obra e graça do projeto do deputado da modernidade Bruno Siqueira e Oswald de Andrade vira palavrão.

Já Aécio, Anastásia, FHC, Serra, Agnelo, Demóstenes, Gilmar Mendes, isso pode.

“Pimba na gorduchinha” fica no purgatório até que os peritos/técnicos decifrem de onde o locutor Raul Longras tirou essa. Ou o clássico “mete a chanca na bola” de Valdir Amaral.

“Esse Mister Ellis é ladrão, está garfando o Brasil”, os gritos de Mário Vianna na Copa de 1954 quando perdemos de quatro a dois para os húngaros e João Lyra Filho, no intervalo do jogo convocou os jogadores a uma reação afirmando que “a seleção é a pátria de chuteiras”.

O que saiu de “porrada” no jogo não está no gibi. Perdemos no jogo, ganhamos na “porrada”.

E gibi pode? E Mário Vianna com dois enes? Já que Guimarães Rosa não pode, sugiro que se pergunte aos ínclitos parlamentares se têm idéia de quem foi Carlos Zéfiro?

Por isso é que Cristina Kirchner nacionalizou a companhia espanhola que, por trás dos bastidores, estava negociando com os chineses e depois não se lembram que piratas e bucaneiros eram europeus.

Não vou nem falar de Bill Clinton. Hillary já propôs acordo de livre comércio, pornografia capitalista servida à mesa como se fosse frango assado (opa!).


Enviado por Sílvio de Barros Pinheiro

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