sábado, 14 de abril de 2012

Rapadura é doce, não é mole, nem é nossa


Zoroastro Sant´Anna -Jornalista e cineasta
Nosso Homem nº 13

A Presidenta Dilma Rousseff discutiu coisas sérias com o Presidente Obama como os malefícios da inundação de dólares nos países emergentes que faz com que as moedas locais se supervalorizem em detrimento das exportações, questões ambientais e maior aproximação entre os dois países, que acabou resultando na instalação de mais dois consulados americanos no Brasil; um em Minas Gerais e outro em Porto Alegre, além do estudo de abrandamentos das exigências para o visto para brasileiros viajarem para os Estados Unidos.

"Caipilrinha"

Mas um dos mais importantes acordos foi o que diz respeito ao reconhecimento pelos EUA da cachaça como bebida tipicamente brasileira, o que vai valorizar as nossas exportações desse etílico preferido por dez entre dez americanos, que adoram a nossa “caipilrinha”. 

A Presidenta fica agora nos devendo o resgate da rapadura que nos foi surrupiada pelos alemães como demonstra o diálogo que se segue:

- Bundenwar! Oh Fritz, que coisa durra é esse aqui?
- Oh Frida, esse é o rapadurra que eu trazer de Brrazil!
- Pro que serve o rapadurra, Fritz?
- Pro nóis ganha muito dinheirrra, eu registrar rapadurra em nome de nosso filha Rapunzel na mundo inteirra e agorra o rapadurra é nossa!

Pode parecer inacreditável, mas se a gente quiser vender rapadura na Europa ou nos Estados Unidos vamos ter que pagar royalties, direitos, aos alemães que registraram a nossa rapadura em nome da empresa Rapunzel Naturkost Fachgeschäften, uma poderosa multinacional de produtos naturais com filiais na Áustria, Holanda, Bélgica, França, Luxemburgo, Itália e Suíça.

A rapadura é nossa!

Como é que esses alemães chegaram aqui, conheceram a rapadura, provaram a rapadura, viram o potencial mundial de consumo da rapadura, registraram o produto em nome deles e nenhum brasileiro, nenhum nordestino, nenhum sergipano, que convivem há mais de 300 anos com a rapadura em cima da mesa e debaixo do nariz não conseguiram enxergar a mesma coisa?

Nessas horas é que se pergunta para que serve o governo federal?  E os governos do Nordeste? Como é que a Embrapa, o SEBRAE, as Secretarias de Agricultura, de Indústria e Comércio, os Ministérios do Planejamento, da Fazenda, da Agricultura, ninguém cuida do que é nosso? Qualquer um vai assim, chegando e levando, sem que ninguém tome nenhuma providência. E não é só a rapadura não. Toda nossa flora medicinal e amazônica está virando patente de estrangeiros. Para falar com índio vai ter que ser em inglês ou francês, é questão de tempo.

Não estão nos levando a sério. Não estão levando esse país a sério. E eles precisam ser punidos, exemplarmente punidos com o nosso desprezo, com o nosso asco, com a nossa indignação, com o nosso voto consciente. As eleições estão logo aí. Eles precisam sentir que rapadura é doce mas não é mole não. 

Há alguns anos, o articulista Max Augusto, do Jornal da Cidade, escrevera uma inteligente e antológica matéria intitulada “A última rapadura de Sergipe” sobre a lamentável decadência dos nossos engenhos de cana-de-açúcar, documento vivo do descaso dos governos sergipanos com a nossa economia, com a nossa vida, com a nossa alma.

A indignação ainda é o alimento do espírito do espoliado. Não dá mais para ser indiferente a essas formas criminosas de governar. Vamos ver se agora a coisa muda, porque estão sendo expelidos dos governos os vândalos, espécimes da pior qualidade, indignos da luz do sol, seres que marcham para o juízo final quando o tribunal do povo poderá então condená-los ao fogo eterno. Amém.

  • Melancia – Costuma-se dizer que quando alguém quer aparecer pendura uma melancia no pescoço e assim fez a vergonha da magistratura sergipana, um juiz de pijama que baseado em seus dilemas íntimos escreveu um livro equivocado sobre a sexualidade de Lampião. Semana passada o Juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju, Aldo Albuquerque, manteve a proibição da venda do livro argumentando que “a Constituição garante a inviolabilidade da individualidade das pessoas... se o livro versasse apenas sobre os crimes cometidos por Lampião, esse seria um fato público, mas, quando trata da sexualidade do cangaceiro, entra em esfera particular”, sentenciou o Juiz Aldo Albuquerque. “O Aldo é um preconceituoso”, balançou a mão o juiz de pijama que ameaçou jogar os exemplares no Rio Sergipe, só de raiva.
  • Maldito – O cineasta americano Abel Ferrara tem em seu curriculum filmes como China Girl, Um Rei em Nova York, Invasores de Corpos, Vicio Frenético e uma dezena de outros considerados como filmes malditos, por tratarem de policiais corruptos, viciados, traficantes, assassinos, sexo explícito, a escória social. Uma espécie de Charles Bukowiski da cinematografia. O MIC e o Banco do Brasil estão promovendo a exibição de 23 longas e três curtas do controverso autor. Assisti alguns e Bad Lieutenent  (Vicio Frenético) talvez seja o mais característicos do estilo de Ferrara. A mostra vai até dia 21 de abril no CCBB, na Rua Primeiro de Março, quando vai acontecer um debate com o cineasta às 18 horas. Entrada a R$ 3,00.
  • Cara de pau – Stepan Nercessian, ex-ator e deputado federal pelo PPS - Rio de Janeiro, pediu  R$ 150 mil emprestados ao criminoso Carlinhos Cachoeira, o mesmo corruptor do senador Demóstenes Torres, o assunto vazou na imprensa e entre os eleitores. Diante do fato consumado, Stepan declarou: “Não sei se terei cara de pau de pedir votos novamente.” Tomara que não.
·       Tatyana – A coreógrafa Deborah Colker nos brinda com o espetáculo “Tatyana”, no Teatro João Caetano, uma obra de tirar o fôlego, baseada no clássico universal  Evguêni Oniéguin, do escritor russo  Alexander Sergueievitch Pushkin, nascido em 1799, em São Petersburgo, tudo embalado pelo Concerto para Piano nº 2, de Rachimaninov e o segundo movimento da 4ª Sinfonia de Tchaikowiski, entre outras músicas com o mesmo esplendor. De quinta a domingo, às 21 horas.

·       Fellini – O cinema americano sempre foi muito eficiente no chamado “produtos derivados”, que é tudo que gira em torno de um filme: quadrinhos, bonecos, cartazes, promoções, chaveiros, games,etc., um mundo de coisas. Seguindo estes exemplos, o Instituto Moreira Salles lança agora no Rio blocos de anotação com capa dos cartazes dos filmes de Fellini. O Instituto está promovendo a mostra Tutti Fellini que vai até 24 de junho do Artplex Botafogo.

·       Carajás – Os índios Carajás do Tocantins e de Goiás,  que vivem nas margens do Rio Araguaia, ganham exposição permanente da sua arte plumária no Museu Nacional, na Quinta da Boavista. Entrada a R$ 3 e crianças até 10 anos apenas R$ 1.

·       Policial – Até 10 de junho, quem vier ao Rio poderá assistir a peça  Em Nome do Jogoum drama policial do escritor inglês  Anthony Shaffer, história de  um romancista que sua mulher o traiu com um italiano cabelereiro e sedutor. Teatro Maison de France, Av. Presidente Antonio Arlos, 58, Centro. Somente sextas, sábados e domingos com ingressos de R$ 60 a R$ 80.

·       Beco – A Cavaquinha Magistrale, grelhada, com molho de abacaxi e alho poro, com guarnição de batata baroa (mandioquinha em SP) é a pedida imperdível do restaurante Beco do Carmo, na Rua do Carmo, 55, 2º andar, no Centro do Rio. Aliás, quem tiver saudades das ruelas românticas ao redor da Piazza de Espagna, em Roma, onde se concentram dezenas de simpáticas tratorias, não deve deixar  de dar uma passada no quarteirão atrás do Centro Cultural Banco do Brasil, na Rua Primeiro de Março, é bem parecido, mais barato e muito mais perto.

·       Face – Disse o menino a mãe ao chegar da escola: “Hoje aprendi duas frases em inglês: facebook is on the table e Time is monkey.”

·       Vampiro – Para encerrar: uma moça que namorava um vampiro, estava zangada com ele e gritou: “Quero mais é que você morra!” Ao que o vampiro, com aquela cara de vampiro,  respondeu: “Eu não posso...”

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