Laerte
Braga
Eleições não têm levado o País a
mudanças estruturais necessárias à construção de um processo popular de
construção democrática. Os partidos políticos tradicionais, numa república
federativa como a nossa, mantêm intactos seus esquemas de poder e cada vez mais
procuram ampliá-lo, num jogo em que oposição e situação se misturam naquilo que
chamam de bem comum. Na verdade o bem comum dos interesses que
representam.
Nos períodos que antecedem as
eleições rivais que se insultam e se acusam durante as campanhas eleitorais, se
abraçam, se confraternizam e com isso o País vai vivendo um clima de faz de
conta, sem perceber o abismo que se aproxima,
Há uma diferença entre a crise
prevista(?) por Míriam Leitão, por exemplo, em seu ataques furibundos ao governo
e a crise que se avizinha. Miriam Leitão defende interesses de
bancos, de grandes corporações e do latifúndio. A crise que bate às nossas
portas e que tem levado a presidente Dilma Rousseff e criticar os chamados
países ricos, passa pelas características políticas e econômicas do Brasil,
decorrentes do modelo defendido pela comentarista da GLOBO.
Uns querem a submissão, outros
sonham com personagens lendárias como Davi e Golias, no pressuposto que a funda
de Davi vá acertar milimetricamente a pedra na fronte de Davi. É como Guilherme
Tell cortando ao meio a maça posta sobre a cabeça de seu filho,
O Brasil de Lula/Dilma não conseguiu resgatar o Brasil pré-FHC que já não era um Brasil onde os brasileiros pudessem ou tivessem voz ativa.
Da década de 60 – particularmente –
o golpe de 1964 e até o processo de redemocratização vivemos aos trancos e
barrancos. A base de um País inserido no que chamam Nova Ordem Global foi
plantada por FHC e Lula/Dilma não dispõe dos instrumentos necessários, dentro do
jogo institucional, para mudar essa estrutura.
Somos um gigante com dimensões
continentais perdido em nossas próprias fraquezas e saqueado no processo
político que deslocou o eixo dos decisões capitalistas para a Colômbia. Não
temos o controle da Amazônia, os minerais estratégicos, capazes de nos permitir
alcançar estágios de desenvolvimento próprio, estão em mãos de companhias
estrangeiras.
O governo FHC não foi apenas um
golpe de estado branco – reeleição comprada a peso de outro – mas o alinhamento
como o próprio ex-presidente chamou de “teoria da interdependência.
Falarmos sobre uma força armada
destroçada por seus equívocos que remontem ao Estado Novo de Getúlio e encontram
sua plenitude no golpe de 1964 é compreender o processo de dominação imposto ao
Brasil.
Estamos no Haiti, temos uma fragata
no Oriente Médio, a ONU cogita de solicitar ao governo brasileiro o envio de
tropas à Síria – numa clara intervenção naquele país e hoje substituímos a
política externa de Celso Amorim que dava guarida as pretensões de Lula de “um
capitalismo a brasileira”.
O mundo institucional está falido,
não tem representatividade popular e os instrumentos de repressão permanecem
intactos e sempre contra a classe trabalhadora.
A classe política, em sua esmagadora
maioria, representa interesses de bancos, grandes corporações e latifúndio, esse
hoje, preso ao controle de empresas como a MONSANTO.
Para cada programa social do
governo, que acabou se mostrou com viés eleitoral, uma concessão ao capital.
Seja o de Lula, seja o de Dilma. Ao falar em Cuba a presidente brasileira falou
o óbvio, pois até a REDE GLOGO exporta novelas para país de Fidel.
“A imbecilidade acha que tudo está
claro quando a televisão mostra uma imagem bonita., comentada com uma mentira
atrevida. A semi elite contenta-se em saber que quase tudo e obscuro,
ambivalente, montado em função de códigos desconhecidos. Uma elite mais fechada
quereria saber a verdade difícil de distinguir com clareza em cada caso
particular, apresentar todos os dados reservados e de toda as coincidências de
que ela dispõe. Eis porque ela gostaria de conhecer o médoto da verdade em
geral, embora para ela ter esse gosto de revelação, em geral,
azedo” – Guy
Débord, A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, Contraponto, Rio de Janeiro.
A mídia hoje ao lado das bombas,
nucleares ou não, são os dois agentes desse terrorismo. Um transforma o ser
humano em zumbi, o Homer Simpson como definiu William Bonner; outro, à falha do
primeiro, devolve povos inteiros à idade da pedra lascada. Vide o caso da
Líbia.
Libia antes e depois da "intervenção humanitária" Clique na imagem para aumentar |
Poder popular. A classe política
foge disso como o diabo foge da cruz.
Em primeiro lugar é preciso tomar
consciência de que a realidade imediata de cada um de nós é a cidade. Nascemos
na cidade, nos constituímos parte de uma família, nos preparamos para a vida na
cidade, construímos nossas próprias famílias no trabalho e na cidade. Gozamos os
dias de lazer na cidade e somos intrinsecamente parte da cidade até o momento
inexorável da morte. Segundo Millôr Fernandes a “única coisa inexorável de toda
a vida”.
No mundo contemporâneo a comunicação
é fundamental. Em tese deveria nos proporcionar a consciência da realidade, a
verdade e nos permitir os caminhos de vida para além dos interesses de bancos,
grandes corporações e latifundiários.
A luta, por exemplo, para abrir os
baús da ditadura não é luta movida por revanchismo como pretendem os militares
golpistas, torturadores e assassinos; é uma luta pela História e um povo sem
História não é nada.
A História começa na cidade e hoje,
na importância da comunicação que se estende da mídia de mercado de cada cidade,
até a mídia de mercado nacional.
O que se tenta hoje? Vender através
dos patrocínios de bancos, corporações e latifúndios uma verdade que é absoluta
e não admite contestações. E que verdade é essa? A dos que têm controle do
sistema política e econômico.
Um simples vereador, cito um
exemplo, Rodrigo Matos em minha cidade, não anda e fala ao mesmo tempo. É fllho
do prefeito e tem o mandato única e exclusivamente por conta dessa filiação, Não
fosse.isso estaria longe da vida pública, onde funciona como títere do pai, dos
interesses que o pai representa,.
Não são os interesses populares, mas
dos grupos que compram os votos para o mesmo possa se eleger. Por si é uma
nulidade. O tipo de jogador que entra em campo para cumprir determinada função e
se o jogo sair diferente tem que pedir tempo para ouvir novas
instruções.
A Universidade Federal de Campos,
através do professor Marcelo Saldanha e sua equipe desenvolveu um projeto de
internet por Banda Larga que resgata o poder do cidadão. Foge do controle das
chamadas teles. O monopólio privado que FHC criou e Lula e Dilma mantiveram e
mantém.
Abre espaços e perspectivas para que
a internet seja gerida pela própria comunidade a preços irrisórios (menos de 10%
do preço a ser cobrado pelas teles), com um nível de segurança maior, oferta de
possibilidades de velocidade maior.
Mas dois aspectos interferem no
processo.
Primeiro o interesse das teles.
Segundo, não há interesse que cada
comunidade em cada canto do Brasil possa discutir sua realidade,
conscientizar-se dessa realidade, perceber o logro da mídia de mercado e a
falência do modelo político e econômico.
Lembra o personagem de Chico Anysio,
aquele deputado que tinha horror a povo e não queria povo exceto em época de
eleições, mesmo assim com litros de álcool para higienizar-se após o contato com
o cidadão comum, como faz o candidato a prefeito de São Paulo, José
Serra.
Justo Veríssimo (personagem criada por Chico Anysio) |
Se imaginarmos o Brasil de hoje
veremos um país dividido em áreas sob controle de empresas, bancos, latifúndios
e um governo cuja margem de manobra não ultrapassa o permitido, até porque tem
consciência disso e aceita esse jogo.
O projeto de Banda Larga
desenvolvido pelo professor Marcelo Saldanha e sua equipe tem como principal
ingrediente o retorno da participação popular a partir das cidades e logo, com
reflexos no estado e na União.
É hora de desobediência civil, pois
o governo defende interesses das teles e a maioria esmagadora dos deputados e
senadores foi eleita com contribuição para suas campanhas pelo conjunto de
empresas que controla o Estado instituição.
Se quisermos buscar a sobrevivência
do ser humano como tal, como sujeito de sua própria história, isso vai começar
na própria cidade, na reação comunitária.
Criar consciência e é por isso que
os diabos fogem da cruz, como os políticos fogem da perspectiva que o eleitor
tome consciência e deixe de votar por interesses em tijolos, cimento, empregos,
mas voltados para o bem comum.
O projeto de Banda Larga do
professor Marcelo Saldanha e sua equipe é uma proposta revolucionária nas
comunicações e a internet; é o veículo revolucionário que já se faz presente em
70 milhões de lares brasileiros.
É
luta para acabar com o monopólio das comunicações e do “espetáculo” que temos
diariamente em nossas TVs, rádios, jornais e revistas que vêem como “informação”
o escândalo e a bizarrice expostos nos noticiários
cotidianos.
É um trabalho de brasileiros para o
resgate do Brasil e seus cidadãos.
FHC acabou com o monopólio estatal a
pretexto de melhorar as condições dos serviços de comunicação, energia. Entregou
esses riquezas nacionais e Lula e Dilma não tocaram nesse crime, pelo contrário,
mantiveram e mantém A PRIVATARIA TUCANA embaixo do tapete.
A Banda Larga popular é um ato de
desobediência civil, com a consciência que estamos resgatando a nação
brasileira.
Texto enviado
por Sílvio de Barros Pinheiro
Imagens
colhidas na internet por redecastorphoto
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