19/10/2011,* MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
O comandante do exército do Paquistão só muito, muito raramente, fala com deputados. O encontro para atualização, de três horas, no quartel-general de Rawalpindi, ontem, com deputados de duas comissões do Parlamento é evento raro. É preciso avaliar com cuidado por que aconteceu e por que aconteceu nesse momento. Para resumir, Kayani decidiu que é hora de enviar mensagem bem clara aos EUA, em momento muito grave da conjuntura da guerra no Afeganistão.
O cerne de sua mensagem é que o governo de Barack Obama não deve tentar qualquer ideia estúpida ou perigosa, como iniciar algum tipo de operação militar contra o Paquistão. O aviso veio imediatamente depois de notícias de que os EUA estão concentrando tropas na fronteira entre Afeganistão e Paquistão.
Kayani falou já tendo pleno conhecimento de informes de inteligência. Chama a atenção que não tenha descartado a possibilidade de os EUA atacarem militarmente o Paquistão. Mas avisou que o Paquistão não é o Iraque nem o Afeganistão – o que quer dizer: se for atacado, o Paquistão retaliará. Esse tipo de linguagem jamais foi usada antes, pelo Paquistão, contra os EUA. (O Paquistão já distribuiu tropas regulares na fronteira com o Afeganistão que, normalmente, é guardada por forças paramilitares.)
Kayani também descartou qualquer tipo de operação militar no Waziristão Norte e não deu importância às ameaças dos EUA, de cortar a ajuda militar. Kayani disse que o Paquistão não precisa de nenhum tipo de ajuda militar dos EUA e que já disse exatamente isso aos EUA. Disse que os EUA prometeram 6 bilhões de dólares em assistência ao exército paquistanês, mas que, de fato, só deram 200 milhões. Kayani admitiu que a inteligência paquistanesa está em contato com grupos guerrilheiros no Afeganistão. Mas acrescentou: “Todas as agências de inteligência têm contatos entre elas.” E perguntou: “A CIA e o MI6, talvez, não têm contato com aqueles grupos?” (Leia em: “Os EUA podem atacar no Waziristão, mas pensarão dez vezes antes de fazê-lo”, 19/10/2011, Express Tribune, [em inglês]).
Embaixador *MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu e Asia Online. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.
Olá, Coletivo! Há uma correção a ser feita no texto: não é M16, mas sim MI6, o nome do seviço de inteligência da Inglaterra. Abraços e novamente parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirObrigado pela correção, sempre bem-vinda! Traduzimos na correria e, de fato, CONTAMOS com a leitura atenta dos internautas, para as correções, sempre necessárias. Muito obrigado!
ResponderExcluir