21/10/2011, Quoriana, Blog Leonor en Líbia (de Trípoli)
Artigo publicado em Russia Today, editado por Mathaba (A Resistência Líbia),
Hillary Clinton ao natural... |
Assista a seguir as imagens da recepção pública a Gaddafi no Mali, em 22/9/2010
A principal coordenadora da guerra contra a Líbia, Hillary Clinton, andou pela África pregando abertamente o assassinato de Muammar Gaddafi, movimento sem dúvida muito impopular na África e em todo o mundo, como mostram os muitos comentários de leitores.
Em reunião com o Conselho Nacional de Transição, dos “rebeldes” da OTAN, na 3ª-feira, a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton disse que Washington queria ver o comandante líbio Muammar Gaddafi “capturado ou morto”[1].
Em comentário à declaração de Clinton que clamou por mais sangue, o professor Paul Sheldon Foote, da California State University, explicou que o governo de Obama realmente crê que esse assassinato seria justificável[2]:
“Os loucos por guerra que há no governo Obama dirão que Gaddafi foi ditador e, portanto, seria lícito assassiná-lo. Não esqueçam quem é Hillary Clinton. Em 2008, candidata à presidência, ela ameaçou matar todos os iranianos, homens, mulheres e crianças, e fazer do Irã uma cesta de lixo”.
Para Foote, por trás da visita surpresa de Clinton à Líbia estava o desejo dos EUA de incluir-se entre os “vitoriosos”, para receber também os louros do chamado “sucesso” da OTAN na Líbia.
“Além de terem dito que assassinaram Bin Laden, querem dizer, agora que se inicia a campanha de reeleição de Obama, que conseguiram uma grande ‘vitória’ na Líbia” – disse o professor, falando da California.
E continuou:
“Ainda há muitos combates na Líbia e praticamente tudo que todos ouvimos em todas as televisões e jornais é falso. Estamos ouvindo uma narrativa de propaganda, sobre o que realmente se passa na Líbia”.
Keith Harmon Snow, jornalista investigativo independente e correspondente de guerra, diz que o assassinato de Gaddafi foi um “target assassination” [assassinato predefinido, premeditado] e que é ilegal. Disse também que não se pode ter qualquer dúvida de que havia uma agenda oculta por trás da visita aparentemente espontânea, de Hillary Clinton, à Líbia.
“Por que Clinton foi à Líbia? Evidentemente, para dar a impressão, ao público dos EUA, que a Líbia estaria sob controle absoluto dos EUA. Para encobrir as atrocidades e exibir um rosto branco, limpo, sorridente, para esconder a morte e a destruição”.
Seja como for, a julgar pelos comentários, são poucos os que veem Hillary Clinton como rosto limpo. O comentário típico, mais frequente, em inúmeras páginas panafricanas na Internet, é hostil à figura de Clinton e ao que foi fazer na Líbia. Por exemplo, o que aí se vê (inglês corrigido):
“É, Hillary Clinton teve a ousadia de clamar pelo assassinato de um herói da África. Agora, ela que espere para ver quem morre antes, ela ou Gaddafi. Ela pediu. Gaddafi não é Saddam Hussein nem Osama Bin Laden. Gaddafi é herói dos africanos e nosso líder. Sei que ela é um monstro, como Samantha Powell nos disse. Mas, dessa vez, ela foi longe demais. Ela que comece a contar seus dias. A Ummah muçulmana africana já a condenou. Já há uma fatwa. Os africanos nunca a perdoarão. Ela não está vendo o movimento de protesto que está crescendo no Mali”.
O internauta referiu-se ao Mali (“Marcha em apoio a Gaddafi no Mali, nesta 6ª-feira”, com imagens do Mali, ontem, 6ª-feira lá), mas há inúmeros outros movimentos já crescendo em outros pontos da África, nenhum deles noticiado. Não apenas os cidadãos da África estão manifestando sua indignação em postados e em manifestações de massa, como também já há publicações europeias da grande imprensa, que adotaram discurso de resposta veemente (como a publicação russa coletiva, Pravda.ru) contra Clinton.
Em artigo intitulado “A Bruxa Má do Ocidente parte para a Líbia”, Lisa Karpov, que escreve dos EUA, pergunta:
“Será que essa senhora não tem cérebro? Será que não percebe que o que ela diz contra Gaddafi é o mesmo que milhões de pessoas, em todo o mundo, dizem dela e de suas falanges de guerra, imundas, genocidas?”[3]
COMENTÁRIO DO BLOG: A apologia do crime que Hillary Clinton fez na Líbia passará à história. Falou como se não existissem outros direitos humanos, no mundo, além dos direitos dela.
Notas dos tradutores
[1] 21/10/2011, Mathaba, “O leão da África está morto”
[3] Em Counterinformation
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirA grande maioria do povo estadunidense foi educada para considerar justos os assassinatos sumários dos que a "ética" evangelizante-hegemônico-imperial julga delinquentes capitais. Dos chefes de Estado dos países agressores da Líbia, só Sarkozy teve a ombridade de declarar, em Bruxelas, que "on ne doit jamais se rejouir de la mort d'un homme pour n'importe ce qu'il a fait..." Surpreendente? Nem tanto: por mais culpada e hipócrita seja a cultura politica europeia, não poderia um seu representante aparecer com indicador em riste, pontificando como um imbecil (que é), celebrando em Washington o linchamento e homicídio do ex-ditador, mas líder, sim, Muâmar Kadháfi. Claro que Obama deveria assim proceder: foi um drone que atacou o comboio de carros em fuga de Sirte, num dos quais o coronel líbio se encontrava. Em seguida, os lacaios se encarregariam do resto, por sinal bem registrado em imagens.
Abraços do
ArnaC