Publicado em 02/10/2011 por Rui Martins
Berna (Suiça) - O atual Conselho de Emigrantes, CRBE, deve evoluir para um novo formato, mais amplo e mais representativo, integrado numa Secretaria de Estado dos Emigrantes e com apoio de parlamentares emigrantes eleitos por emigrantes? Ou o governo deve criar um super-Ministério das Migrações envolvendo a migração interna, a imigração e a emigração?
Essas algumas das questões a serem respondidas esta semana, nos encontros de Boston, dia 6 às 18h30, de Nova Iorque, dia 7 às 18h30 e, em Newark, dia 8 às 11h00, nos Estados Unidos, onde vive o maior contingente da emigração brasileira. Os encontros são promovidos pelo jornal Brazilian Times com o apoio das comunidades locais.
Existe verba federal para esse investimento nos emigrantes? No caso de se constituir uma base emigrante para um movimento reivindicatório junto à presidenta Dilma Rousseff, haverá lugar para os empresários emigrantes, despachantes, comerciantes e para os grupos religiosos deles participarem?
Quais as causas responsáveis pelo descrédito atual do CRBE? Por que esse conselho, criado com o objetivo de funcionar junto ao Itamaraty como órgão consultivo, de assessoria e de interlocução demonstrou ser ineficaz, inadequado e insuficiente?
Existem experiências de países estrangeiros relacionadas com seus emigrantes capazes de servirem de modelo ou de inspiração para uma eficaz e eficiente política brasileira de emigração?
Alguns membros do CRBE condenam as atuais iniciativas dos próprios emigrantes de encontrarem fórmulas diferentes da proposta e em aplicação atualmente pelo Itamaraty, qualificando-as de destrutivas. Mas, na verdade, estas iniciativas correspondem perfeitamente aos anseios dos participantes da I Conferência Brasileiros no Mundo, onde um abaixo-assinado da maioria dos participantes pedia um órgão institucional emigrante.
Infelizmente, esse abaixo-assinado, que desagradava alguns grupos minoritários, mas influentes dentro do Itamaraty, foi assassinado e jogado no lixo, rejeitando-se aquela primeira manifestação em favor de independência e autodeterminação e oferecendo-se em troca, o CRBE atual.
Mas o CRBE, juridicamente incapaz, como menores de idade e/ou velhos decrépitos, tutelado por diplomatas e sujeito aos caprichos, agenda e verba do Itamaraty, só vale – e assim o aceitamos – como uma curta e breve etapa, num processo de metamorfose e transição, para um órgão emigrante autônomo, sem tutelas, ligado diretamente ao executivo federal e interativo, em condições de igualdade, com todos os ministérios e secretarias.
O objetivo dos encontros de Boston, Nova Iorque e Newark é o de fixar o ponto de partida para um movimento que se propague aos emigrantes vivendo na América do Sul, na Europa, na Ásia e Oriente Médio, África e Austrália, em favor da emancipação. Uma frente ampla, onde todas as diversidades possam se unir, pelo alvo comum de se criar, em Brasília, um centro de decisão emigrante, dirigido por emigrantes, em conexão direta com a presidenta e seu programa de governo.
Serão os próprios participantes dos encontros de Boston-Nova Iorque que determinarão se tais encontros serão históricos. No caso positivo, criada a frente pela emancipação dos emigrantes, outra etapa importante será de manter contatos com a Comissão de Relações Exteriores do Parlamento em Brasília.
Rui Martins – Berna: jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
Enviado por Direto da Redação
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