domingo, 9 de outubro de 2011

ÓPERA-BUFA ou BURLETA?

*José Flávio Abelha

Pode estar tudo certo, mas está meio esquisito.

Dois ícones da cultura brasileira fincados na Cidade Maravilhosa estão se comportando de forma um tanto ou quanto modernosa e não se escutam as vozes mais representativas da cultura nacional em defesa desses ícones conspurcados. Há um silêncio tedioso ou consentido.

Refiro-me ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a ABL - Academia Brasileira de Letras.

Tal e qual o magarefe londrino, vou por partes, não sem antes esclarecer que estes rabiscos não sabem nem cheiram a uma reação elitizada.

Longe de mim. Os que me conhecem sabem muito bem que sou muito povo mesmo, apenas, se vou à praia, me visto com roupa apropriada, bem assim respeito à casa de amigos, consultórios dos meus médicos e outros locais onde nunca compareço de havaianas e calção de banho.

Em Belo Horizonte eu assisti a encenação de várias óperas, dentre as quais destaco a Carmem, ocasião em que cavalarianos da polícia mineira entraram em cena com os seus elegantes e bem adestrados ginetes. Momento ímpar no Palácio das Artes.

Com igual prazer assisti encenações em Washington e em Viena da mesma forma que qualquer turista de bom gosto e que quer aprender mais e dar pasto às vistas.

Ainda morando em Minas, quando visitava o Rio eu aproveitava a programação do Municipal que teve, em boa hora, interrompida a sua temporada carnavalesca. Bailes famosos com a presença de Vargas e grandes atores e atrizes de Hollywood.

Afinal de contas, aquele palácio estava sendo estuprado pelos bailes carnavalescos, sem nenhuma conotação cultural. (Não me venham tentar convencer de que beber muito, agarrar o mulherio e cheirar lança-perfume sem qualquer proibição era manifestação cultural).

Passei uns anos sem ir ao Municipal. Voltei agora para rever Nabucco e o seu belíssimo Va', pensiero, sull'ali dorate.

Não devia ter ido! O espetáculo deletou das minhas mais caras lembranças as encenações que eu já havia assistido.

Na noite em que eu fui ver o Nabucco carioca, vi coisas extraordinárias, antes e durante o espetáculo.

Vinte horas e o público estava como queria. No Assyrio, onde me aboletei para um rápido lanche, um singularíssimo cidadão também se aboletou (de sandálias, calça desbotada, camiseta com uma inscrição que anunciava uma greve, cabelos rastafari e chapéu), para dar um tapa numa dose de não sei o quê, pois café não era.

Acreditem, leitoras e leitores, esse cidadão adentrou o charmoso auditório do vetusto teatro, com o seu traje despojado, ficou na mesma fila que eu, com o indefectível chapéu na cabeça. Em plena platéia do santuário das artes clássicas ou eruditas, como queiram.

Num piscar, divisei outros com a mesma proteção capilar e me espantei, visto que o auditório estava pululando de homens, muito à vontade, devidamente ajaezados, displicentemente comendo pipocas.

Passado o susto, a ouverture sossegadora. Procurei os metais, todavia, eles estavam escondidos sob uma passarela e o maestro, de costas como sempre, porém, só divisado da nuca para cima.

E teve início a encenação.

O cenário feito de bambus, daqueles grossos verde-amarelos.

Fui informado mais tarde que não eram bambus e sim canos de PVC; não souberam me dizer se Tigre ou Amanco.

De quando em quando os próprios cantores e figurantes em cena moviam aquele monte de tubos, formando no palco um... absolutamente nada.

Muitos, muitos figurantes e componentes do coral trajando um bem cortado Armani, sapatos pretos e relógios no pulso.

Foi então que eu me lembrei do engraçadíssimo filme Um Convidado Bem Trapalhão, do inesquecível Peter Sellers, talvez o mais hilário da sua filmografia.

Nas filmagens (ele representava um atorhindu), aliás refilmagem do histórico Gunga Din, Sellers, todo paramentado, com um cebolão no pulso.

Eis que, de súbito, me aparece em cena a principal personagem, montada em um cavalo de papelão, alegoria de alguma G.R.E.S. do 4° grupo.

Nesse instante a minha memória acendeu a lembrança dos cavalos, cavalos mesmo, na ópera que assisti em Belo Horizonte.

E foi por aí a extravagância que a revista vendida no saguão, massageadora de egos, dizia ser uma ópera de Verdi.

Surgiu, sem tardança, alguém para rebater a minha crítica acre, raivosa, com o argumento de que o espetáculo servia para atrair o povão ao Municipal, um encontro do erudito com o popular.

Quanta bobagem junta, pensei eu.

Na belíssima canção Bailes da Vida, do Milton e Brant, há um verso que mostra o caminho das pedras: “o artista tem de ir aonde o povo está”. E não o contrário!

Todo o universo erudito do Teatro Municipal, todos os artistas são obrigados a se desencastelarem, descer as escadarias e ir de encontro ao povo, didaticamente mostrando ao mesmo como se curte uma ópera, um conserto sinfônico, quem foi Carlos Gomes, Mozart, Beethoven, Bach e tantos e tantos outros.

Esta é a tarefa primordial de todo artista. Há que sair do palco e ir para as ruas, clubes, arenas e as ágoras das metrópoles, cidades menores e vilas.

Arthur Moreira Lima tem feito isso, com sucesso. E torna-se necessário, imperioso mesmo, o artista ser didático igual às aulas dominicais antes das apresentações de orquestras no auditório do Instituto de Educação de Belo Horizonte, ocasião em que o maestro mostrava ao público a função de cada instrumento e ministrava bons modos para se ouvir a música erudita, quase como uma oração.

Há que se preparar o povão para comparecer a um espetáculo erudito.

Do comportamento pessoal ao seu respeitoso traje, que não seja de gala, mas que não tenha o aspecto de sujo ou ensebado. Tão fácil de se fazer. Aceitar o cidadão calçando umas havaianas, de camiseta e chapéu na cabeça, em pleno Teatro Municipal é coisificar a cultura, verdadeira esculhambação.

Não custa nada ensinar ao cidadão, que nunca subiu aquelas escadarias, que existe toda uma liturgia para se assistir um espetáculo erudito, dizendo-lhe, ensinando-o com respeito e carinho que não se trata de um baile de carnaval nem um espetáculo circense ou apresentação de uma noitada de heavy metal, funk ou uma versão compacta do Rock in Rio.

Explicar-lhe, também, que para se entrar numa escola superior, numa universidade, são necessários longos anos de aprendizado e que ninguém sai, como no meu tempo de escola, do ginásio diretamente para a universidade.

Nos velhos tempos, bons tempos, do grupo escolar para o ginásio, de permeio, havia o exame de admissão e, confesso, fui reprovado e tive de freqüentar um ano de curso, além de castigos e cascudos dos meus saudosíssimos pais.

Assim também, tirar o cidadão do seu habitat e levá-lo diretamente para a ópera é torturá-lo. Há que haver uma preparação metodológica. Um gesto de verdadeira cidadania.

Neste momento de verdadeira luta pela cidadania, de partilha democrática dos bens culturais, da educação e da informação, deve o artista ir onde o povo está e mostrar-lhe que existe mais alguma coisa além do rokão brabo, da boquinha da garrafa e das melancias da vida.

Contam que Einstein perguntou a um colega se ele gostava de música clássica. Assustou-se o gênio quando recebeu um redondo não.

O grande físico levou o colega ao seu estúdio, colocou na vitrola um trecho muito fácil de ser assimilado e sair assoviando.

Em seguida, pediu-lhe que tentasse trautear o que ouviu.

Seu colega disse-lhe que aquela sim, era uma música muito agradável.

Falou então o homem da relatividade:

- Pois neste instante, meu colega, você está abrindo uma fresta na fronteira da beleza.

Outro dia eu vi o elegantíssimo Paulinho da Viola e o seu cavaquinho no palco do Teatro Municipal. Em mangas de camisa. O auditório, quase todo com a mesma indumentária, ou seja, um despojamento generalizado.

Tratava-se de uma festa de premiação não sei de quê.

Ora, tal solenidade ficaria melhor numa casa de espetáculos populares, onde os convidados pudessem comparecer à vontade, na base do salve-se quem puder, mas convenhamos, no santuário da erudição é preciso que os cofres da casa estejam zerados. Deste modo, qualquer dinheiro que entrar, venha de onde vier, é bem vindo.

Depois do êxito mundial dos Três Tenores, Morangueira, Bezerra e Dicró entenderam de fazer um espetáculo no Municipal com o jocoso nome de Os Três Malandros. Diria Noel, coisas nossas.

Não deixaram. E eles haviam alugado até casacas.

Nelson Gonçalves certa época disse numa entrevista que a sua grande frustração era não ter conseguido realizar o grande sonho, fazer no Municipal a serenata do século, reunindo a nata dos Cantores e Cantoras (ele disse com C maiúsculo) ainda vivos.

A direção da casa não permitiu.

Agora, assiste-se ópera comendo pipocas, falando alto, de chapéu na cabeça, Nabucco me aparece de mocassim e Armani, Paulinho toca o seu cavaco em mangas de camisa... e ninguém fala nada.

Estaríamos na época do despojamento ou da falta de respeito descambando para a esculhambação?

Que venha logo a inauguração daquele elefante branco que o ex-alcaide César deixou pela metade, salpicado de grandes maracutaias, o qual, todavia, servirá para abrigar espetáculos populares, formaturas, premiações das dezenas de festivais não sei de quê.

Que ele venha logo para deixar o Teatro Municipal em paz, e a nós que queremos curtir um balé, um concerto ou uma ópera, com o respeito que o espetáculo merece. Em silêncio, sem o estalido da pipoca na boca aberta.

E que os administradores daquela vetusta casa também nos respeitem!

Mas, comenta-se a boca larga, que os tempos são outros e, agora, a época é de se quebrar velhas normas, tabus e que tais.

Ficamos, então, combinados assim!

Passemos, neste momento, a outro ou a mais um burlesquear imortal.

Coelho Neto era amigo do maranhense Catulo da Paixão Cearense, o grande poeta e compositor, inventor de palavras e que teve um seguidor mor, o imortal Guimarães Rosa. Ambos, escrevendo arrevesado e inventando palavras. Ambos geniais.

Catulo, para os que não sabem nem quem foi Bette Davis, era um inspiradíssimo compositor.

O barítono-médico Alfonso Ortiz Tirado, mexicano cognominado O Cantor das Américas, cuja fama atravessou o Rio Grande e foi parar em Hollywood, era amigo do maranhense.

Quando O Cantor das Américas nos visitava ele fazia memoráveis serenatas com o criador d’O Marrueiro e O Luar do Sertão.

A última visita do Dr. Alfonso ao Brasil se deu quando Catulo já havia falecido. O cantor foi ao cemitério e, à noite, prestou a sua homenagem ao amigo, cantando à beira do seu túmulo.

Dr. Alfonso era rico e fazia excursões arrecadando fundos para um hospital pediátrico que mantinha no México.

Certa noite, num sarau, o imortal Coelho Neto disse ao amigo (não sei se compadre) que já havia acertado a sua entrada na Academia Brasileira de Letras, só faltando as cartas de praxe pedindo votos aos demais imortais, assunto de praxe.

Catulo reagiu com o seu jeitão nordestino:

- Não escrevo nem peço nada. Na Academia, só entro com meu talento, minhas músicas e meu violão e mais nada.

O Vinícius de Moraes da minha geração, o poeta J.G. de Araújo Jorge, ou José Guilherme de Araújo Jorge, já alexandrino no nome, era um sonetista inspiradíssimo com muitos livros publicados e centenas de edições de jornais com os seus versos.

A ABL não o aceitou. Comentou-se à época que J.G. era um poeta menor e que sua obra era muito lida porque dirigida à juventude. Nada mais.

Mais gritante e mais escandalosa negativa cometeu a ABL ao repudiar por mais de uma vez a candidatura do imortal poeta dos pampas, o sempre lembrado e lido: Mário Quintana.

O poeta que está sepultado na mineira cidade de Leopoldina nunca entraria na ABL. Era pobre, humilde, só publicou um livro. O tempo vingou: tornou-o imortal com o seu EU e outras poesias.

Augusto dos Anjos foi um poeta cuja bagagem não tinha quantidade. Tinha qualidade.

A famosa Casa do Machado tem, também, a fama de desprezar intelectuais que não necessitam do fardão para serem imortais e de aceitar outros, os quais, sem o fardão, nunca atingirão a chamada imortalidade nem a notoriedade.

Quando muito, uma vaga no mausoléu que acharam por bem construir para abrigar a imortalidade. Ali depositado, é imortal.


Dizem que Cony travestido de Ghost Writer, ou fantasma teve um trabalho estafante para redigir uns livros que Juscelino assinou como autor, bagagem necessária para a sua imortalidade acadêmica.

O eterno presidente Austregésilo garantiu a JK que, se candidato, a sua eleição seria tranquilíssima. E arranjaram até um escritor desconhecido para ser o seu adversário, apenas para constar.

Segundo contou mais tarde o próprio Juscelino, Austregésilo o traiu, atendendo à ordem do, também imortal, general fulano, egresso da quartelada de 64 cuja bagagem era, em literatura, uns versos publicados numa revista militar, quando cursava a academia e usando um pseudônimo feminino. A conferir...o pseudônimo!

Juscelino foi derrotado pelo desconhecido escritor goiano que, ao tomar conhecimento da sua nunca sonhada vitória, caiu numa depressão que o levou a um sério tratamento médico, segundo noticiário da época. Seu nome? Perguntem ao Dr. Google.

Vargas foi acadêmico com os discursos escritos pelo seu fantasma Lourival Fontes e publicados pelo DIP, devidamente encadernados. O Dr. Assis entrou com os seus artigos publicados nos Diários Associados.

Seu êmulo, idem, embora frustrado, visto não ter conseguido chegar aonde o nordestino irrequieto chegou: embaixador na Inglaterra e senador.

De súbito a Casa do Machado deixou de lado a sua pompa e circunstância e começou a abrigar ilustres desconhecidos.

Nada de nomes, contudo, consultem a relação dos imortais e vejam quantos os leitores conhecem, ou já ouviram falar.

Quando da eleição de Antônio Olinto comentou-se que uma articulação fajuta estava sendo tramada no sentido de impedir o mineiro, elegendo Celso Furtado que não aceitou a missão menor.

Uma vez eleito, o marido de Zora Seljan foi o mais assíduo membro da Casa e o mais eficiente membro da direção, batendo o ponto diariamente, o que hoje não é seguido por determinados membros que tomam posse, travestem-se de imortais e lá não aparecem mais.

Mais tarde, quando Furtado foi eleito, o mestre disse textualmente:

- Quando recebi o convite para entrar, fiquei realmente envaidecido.

(Celso Furtado disse CONVIDADO)

A eleição de um mago foi marcante, de uma evidência impressionante.

Um imortal disse, iniciando uma palestra, que já havia lido tudo sobre a Amazônia e estava apto a responder quaisquer perguntas sobre aquele mundão.

- Só não me perguntem como o mago entrou para a Academia porque não sei responder, disse o imortal.

Freqüentei a sala do imortal Antônio Olinto para filar o cafezinho quando ia ao Rio, a sua dedicada secretária Elizabeth pode confirmar as minhas constantes visitas, afinal, Antônio Olinto era primo de quase todos os meus primos e sobrinho, outro tanto, de quase todas as minhas tias.

Tínhamos menos do que os fantásticos seis graus de separação.

Numa das visitas, entre uma golada e outra do cafezinho acadêmico, com a liberdade de primo eu lhe perguntei:

- Olintinho, a eleição do mago foi na base do porforol, como sói acontecer no Congresso Nacional e como dizem por aí?

E o sobrinho do famoso caratinguense Monsenhor Rocha, mineiramente escorregou:

- Flávio, a Zora está escrevendo um livro sobre a Congada mineira. Lembra-se de quando você levou ao nosso apartamento da rua Duvivier os grandes chefes das guardas congadeiras, naquela comemoração do 1° centenário da rua Uruguaiana?

Nada mais foi perguntado. Também mudei de assunto!

Tal e qual o Municipal, a Casa do Machado também é composta de artistas, quando não da pena, mas de outras artes. Ou deveriam.

Por conseguinte, também seus membros deveriam ir até o povo, visitar escolas nas favelas e bairros distantes. Falar à juventude.

O que pensa a sua direção?

Aproximar-se do povo, colocando-o nos salões nobres da vetusta Casa, quando o certo deveria ser, ir de encontro ao povo, conversar com os jovens, longe da pompa e da circunstância, mostrando aos mesmos que, embora titulados de imortais, são mortais e de carne e osso. E que não mordem!

Ledo engano, pura ilusão.

Desejam fazer com que o povão visite a Casa.

Em contrapartida, que os seus membros sintam e provem as coisas do povo.

Fico pensando no Cony depois de uma buchada de bode comprando na farmácia da esquina um quilo de bicarbonato.

Ouvidos sensíveis sendo obrigados a ouvirem um pagode nos salões onde Machado já circulou.

Continuando o esforço de popularidade, na data de aniversário de Zé Lins do Rego, flamenguista de carteirinha, o que fizeram?

- Prestaram uma homenagem ao Flamengo, condecorando devidamente Ronaldinho Gaúcho, que nunca foi flamenguista e Vanderley Luxemburgo, um ex-jogador mediano rubro-negro, de passagem pelo clube de coração do Zé Lins.

A foto que vi foi de uma extravagância imortal, ou imoral.

Ronaldinho, que nunca foi flamenguista, de traje esporte, não vi se de chuteiras, com a sua tradicional pituca. E Patrícia, a patricinha, sorridente.

Esqueceu-se de que o ídolo do Flamengo, esse sim, imortal, tem nome, chama-se Arthur Antunes Coimbra, cujo apelido é ZICO!

Em foto recente, o compadre do imortal Sarney deixou-se fotografar com um excêntrico, extravagante e horroroso chapéu chegado ao nordestino das caatingas.

Sinal dos tempos.

Da mais recente introdução à imortalidade eu me nego a comentar.

Melhor teria sido o notável cartunista Jaguar novamente fantasiado a caráter, fardão e chapéu napoleônico, ser barrado nos umbrais da outrora vetusta Casa, avacalhando per saecula saeculorum o besteirol tsunamesco que assola aquela Casa, em tempos passados respeitabilíssima.

Quem sabe o bisonho membro para ser reconhecido com tal, não imite o mexicano que mandou confeccionar um cartão de visitas onde se lia:

- Moreno Reyes – pai de Cantinflas.

Aqui, global mané de tal – imortal

Sabe-se lá se a genialidade do cartunista Jaguar também não trocasse o espadim por uma placa para ser colocada no local da existente, com os dizeres:

Nova administração,
 Agora,
Casa da Mãe Joana!

E é assim que as nossas duas maiores casas de cultura do Rio, senão do Brasil, desejam promover a simbiose entre o erudito e o popular, embora nenhuma das duas partes esteja preparada.

Buchada não combina com brioches bem assim Paulinho da Viola com Pablo Casals. Nem Pagodinho com Plácido Domingo, nem Carlinhos de Jesus com Fred Astaire ou Rudolf Khametovich Nureyev.

Cada um na sua praia.

Lembro-me de uma reportagem que David Nasser e Jean Manzon fizeram, tendo como pano de fundo um manicômio carioca.

Garatujada na parede da entrada, uma frase lapidar, atualíssima:

- Não são todos os que vês, nem são todos os que são.



*Mineiro, Inspector of Ecology da empresa Soares Marinho Ltda..
Quando o serviço permite o autor fica na janela vendo a banda passar .
Agora, agitante da JANELA DO ABELHA
Correspondência e colaboração, favor enviar para: jfabelha@terra.com.br

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