domingo, 4 de março de 2012

Espionagem e propaganda utilizando o “Facebook” e o “Twitter”


Inteligência tática de captação de informações nas mídias sociais


por Julie Lévesque

Um novo estudo feito pelo Conselho Mediterrâneo de Estudos de Inteligência (MCIS) no Almanaque de Estudos de Inteligência de 2012 atenta para o uso das mídias sociais como “a inovação em inteligência tática de captação aberta de informações”. Joseph Fitsanakis da IntelNews.org, co-autor do estudo, declara:

Sustentamos que o Facebook, o Twitter, o YouTube e uma série de outras plataformas de redes sociais são cada vez mais consultadas por agências de inteligência como inestimáveis canais de aquisição de informações. Baseamos nossos resultados em três estudos de caso recentes, os quais, acreditamos, destacam a função da inteligência em relação às redes sociais. [1]
(Joseph Fitsanakis, Pesquisa: Cada vez mais espiões usam Facebook e Twitter para coleta de informações, intelNews.org), 13 de fevereiro de 2012. 


Porém, o que o estudo não menciona é o uso das mídias sociais feito por agências de inteligência para outros fins. A investigação nos leva a acreditar que as mídias sociais são somente um instrumento de captação de informações da inteligência, quando na verdade, um número de declarações mostrou que é utilizada para promover propaganda, inclusive para criar perfis falsos para dar suporte a operações secretas. Estas práticas são discutidas no Exército de Fakes de Mídia Social para Promover Propaganda, Mídia Social: Força Aérea Encomenda Software para Monitorar Exército de Fakes Virtuais e Pentágono Busca Manipular Mídia Social para Fins de Propaganda [2], publicados no Global Research em 2011.

O estudo do MCIS se baseia parcialmente no contexto da “Primavera Árabe”, o qual supostamente instigou o governo americano a desenvolver diretrizes para inteligência de coleta de informações a partir de redes sociais. [3]

Novamente, não se considera que o governo americano oferece “treinamento de liderança” para estrangeiros desestabilizarem seus países de origem. Esta tática está descrita em detalhes no último artigo de Tony Cartalucci, Egito: Ativistas Financiados pelos Estados Unidos sob Julgamento: “Promoção de Democracia” Americana = Sedição Internacional. [4]

A “cyber dissidência” é financiada, dentre outros, pela Freedom House, vinculada à CIA. O primeiro dos eventos da Human Freedom do Instituto Bush, co-financiado pela Freedom House, foi intitulado “Conferência sobre Cyber Dissidentes: Resultados e Desafios Globais”.

A conferência sobre cyber dissidentes destacou o trabalho, métodos, coragem e conquistas dos oito palestrantes dissidentes convidados, de sete países. Cinco desses países são regiões onde a liberdade foi extinta (todos avaliados como "não livres" pela Freedom House: China, Cuba, Irã, Síria e Rússia). Os outros dois países são regiões onde a liberdade está em perigo (ambos avaliados como “parcialmente livres” pela Freedom House) por causa de um governo autoritário que acumula mais poder, como na Venezuela, ou por causa da ameaça de grupos terroristas internos, como na Colômbia.
(Conferência sobre Cyber Dissidentes: Resultados e Desafios Globais, Centro Presidencial George W. Bush) [5]

Países onde a “liberdade foi extinta” e que são aliados americanos, tais como Bahrain ou Arábia Saudita, não são listados acima. O único aliado americano listado é a Colômbia e considera-se que sua liberdade está ameaçada por grupos terroristas e não por seu governo. Vale dizer que o governo colombiano foi acusado de espionar seus jornalistas e que a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (IACHR) declara que a liberdade de expressão “quase não existe” na Colômbia.

O objetivo do “treinamento de liderança” feito por ONGs americanas é o de desestabilizar os inimigos políticos da América em nome da liberdade. A “cyber dissidência” é, por sua vez, utilizada por agências de inteligência para operações secretas.
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Notas de rodapé
[1] Joseph Fitsanakis, Research: Spies increasingly using Facebook, Twitter to gather data , intelNews.org, 13/fevereiro/2012.
[3] (Ibid.)
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O artigo original, em inglês, encontra-se em: SOCIAL MEDIA “TACTICAL INTELLIGENCE COLLECTION”: Spying and Propaganda using Facebook, Twitter

Tradução de Sergio Oliveira.
Esta tradução foi extraída de: Resistir

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