A NOVA
CONFIGURAÇÃO DA ORDEM POLÍTICA E ECONÔMICA
Laerte
Braga
A definição simples
e precisa de Darcy Ribeiro sobre o surgimento do Estado como instituição nunca
deixou de ser simples e precisa, por isso válida. O mais inteligente da tribo
chamou o mais esperto e combinaram que um seria o rei, outro o sacerdote. O
sacerdote receberia as “instruções divinas” determinando obediência ao rei,
pagamento de tributos, o rei governaria pelo “bem comum” e, por via das dúvidas,
chamaram o mais boçal e forte e deram-lhe uma borduna para garantir a aplicação
da “lei e da ordem”.
Milhares de ogivas
nucleares capazes de destruir o mundo cem vezes se necessário for fazem parte do
arsenal dos Estados Unidos e seus principais aliados. É a borduna que garante a
aplicação da “lei e da ordem” capitalista na Grécia por exemplo.
Ou que destrói a
Líbia e infiltra mercenários na Síria para forçar uma guerra civil que a mídia
veicula como protestos de opositores do presidente Bashar Al Assad (cento e
sessenta soldados franceses foram presos pelas autoridades sírias e a mídia nem
toca no assunto).
Que mantém
palestinos acuados e aterrorizados numa política de extermínio praticada pelo
estado sionista, Israel, mesmo à revelia de grande parte de seu povo.
A mesma força que
queima páginas do Corão e as joga num lixo como se fossem superiores a uma
cultura milenar com legados de extrema importância em todos os campos para toda
a humanidade.
O governo de George
Bush arrematou o processo que transforma os EUA em uma grande corporação. Já não
bastava um banco central privado, mas todo o Estado norte-americano é hoje um
grande conglomerado terrorista e que se volta para impor uma ordem que chamam de
globalização e o geógrafo brasileiro Milton Santos definiu com singeleza
– “globalitarização”.
A ordem política e
econômica imposta ou pela mídia venal e disseminada por todos os cantos, ou
pelas armas quando entenderem ser necessário que assim o
seja.
É só olhar os
acontecimentos no mundo desde o fim da União Soviética e a construção que eles
próprios chamam de “nova ordem mundial”.
O capitalismo se
exaure na ficção do cassino financeiro, submete trabalhadores a um momento de
barbárie em todo o mundo e faz aflorar a configuração dessa nova ordem. O
sistema financeiro, as grandes corporações e o latifúndio.
A Idade Média do
horror nuclear, dos bombardeios devastadores sobre “inimigos”, os assassinatos
“seletivos”, as tropas marchando com a suástica reformatada, mas o mesmo nível
de crueldade, de estupidez.
O site WikiLeaks
começou a publicar os arquivos da STRATFOR - INTELIGÊNCIA GLOBAL (espionagem
privada). Mais de cinco milhões de e-mails da empresa STRATFOR com escritórios
no Texas. Os e-mails referem-se ao período de julho de 2004 a dezembro de 2011 e
mostram que a empresa sob a fachada de “editor-publisher” de artigos, estudos
sobre inteligência e coisa e tal, vende serviços confidenciais de inteligência,
espionagem privada a grandes empresas dentre elas a DOW CHEMICAL CO. DE BHOPAL,
a LOCHHEED MARTIN, a NORTHROP GRUMMAM RAYTHEON e agências estatais dos Estados
Unidos.
Os e-mails mostram a
rede de informantes da STRATFOR, a estrutura de pagamento, técnicas para lavagem
de dinheiro para pagamentos ilegais e formas para obter controle visando o
domínio pleno e absoluto dos “negócios” em todo o mundo. Esse controle inclui
intimidação, controle financeiro, sexual ou psicológico.
Um dos exemplos
citados é o e-mail enviado pelo presidente da STRATFOR, George Friedman a um dos
analistas da empresa, em seis de dezembro de 2011, com instruções sobre como
explorar um informante israelense sobre o estado de saúde do presidente Hugo
Chávez da Venezuela.
Outros revelam as
tentativas de corromper Julian Assange, fundador do WikiLeaks e a interligação
de empresas privadas de inteligência, fontes governamentais e agências
governamentais norte-americanas para oferecerem em todo o mundo informações
privilegiadas sobre política, eventos globais, etc., tudo devidamente
remunerado.
Há uma rede de
informantes em todo o mundo que são pagos através de contas em bancos suíços,
cartões de crédito pré-pagos e essa rede inclui jornalistas, empresas
jornalísticas, funcionários públicos, pessoal da diplomacia, num impressionante
império de informações da “nova ordem”.
No Brasil as
principais ligações são com o grupo Marinho (jornal O GLOBO, rede rádios GLOBO e
rede GLOBO de tevê, além de jornalistas como William Waack – já citado em
documentos anteriores do WikiLeaks, Caio Blinder, Merval Pereira e outros.
Um caso específico
dentre vários citado nos documentos revelados pelo WikiLeaks o do processo de
monitoramento dos ativistas ambientais que buscavam e buscam reparação pelos
danos ecológicos causados pela empresa DOW CHEMICAL em Bhopal, na Índia; fato
acontecido em 1984, que provocou milhares de mortes e atingiu mais de meio
milhão de pessoas, além de ser causa de dano ambiental de longo prazo.
O que o conjunto de
documentos liberados pelo WikiLeaks mostra é maneira como grupos privados do
sistema financeiro, grandes corporações e latifúndio, assumem o controle do
Estado e transformam nações em conglomerados em função dos seus interesses e nas
redes que tecem por todos os cantos moldando essa ordem política e econômica num
processo que envolve toda a elite econômica em qualquer lugar e controla a
maioria dos políticos.
O Brasil é um
exemplo claro disso. Boa parte dos deputados federais e estaduais, senadores,
governadores, prefeitos e vereadores é eleita a partir de financiamento de
empresas privadas e, nessa condição, acabam sendo meros porta-vozes dos
interesses dos que financiam; na prática, literalmente, empregados. Agentes
recrutados.
De um lado a
alienação vendida num bombardeio incessante – televisão principalmente – e de
outro o poder militar, dos arsenais destruidores.
Quando Bush começou
a mostrar o que já era realidade faz tempo, o complexo empresarial e militar
norte-americano através de contratos de terceirização e privatização de serviços
de inteligência, de recrutamento, treinamento e operações de guerra por soldados
de empresas vestindo a farda dos EUA, estava tão somente exibindo essa nova
configuração do seu país, que se impõe ao mundo no conglomerado ISRAEL/EUA
TERRORISMO S/A.
A guerra virou um
negócio de lucros extraordinários.
Não foi por outro
motivo que Angela Merkel, chanceler alemã, sugeriu ao governo do primeiro
ministro grego que suspendesse ou adiasse as eleições legislativas na Grécia
temerosa de uma vitória de forças contrárias ao acordo celebrado/imposto pelas
colônias européias que formam a chamada Zona do Euro e atentam apenas à
realidade do sistema financeiro, das grandes empresas e do
latifúndio.
A democracia é só um
detalhe, um show televisivo. Cada vez
mais governos representam menos os interesses de seus povos. As nações deixam de
existir como tal para ganharem essa forma, essa configuração.
Darcy Ribeiro |
É a ordem definida
por Darcy Ribeiro e os “inteligentes”, os “espertos” e principalmente, os da
borduna (MILICANALHAS), geram um mundo em que a classe trabalhadora, fragmentada e fragilizada,
se vê presa de uma ordem política e econômica terrorista e disfarçada de
capitalismo na sua fase mais brutal, a crise da ficção financeira que preside as
extintas nações do mundo.
A luta popular é nas
ruas e é por sobrevivência.
É a nova ordem que
gera assassinatos como os acontecidos na segunda-feira numa cidade do estado de
Ohio, numa sociedade com 40 milhões de indigentes, sufocada pela barbárie e que
transforma jovens estudantes em autores de massacres com freqüência
assustadora.
Não poderia ser de
outra forma, é uma sociedade doente.
Artigo enviado por
“Juntos
Somos Fortes”
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