O
que é? Quanto vale? Pra que serve? Quem lê tanta notícia? [1] E as
táticas?
Ainda
não sabemos exatamente que conclusões extrair desse fato, mas fato é que:
(a) os
caros (no sentido de que custam muito dinheiro) analistas da empresa Stratfor;
(b) os
clientes que compram a informação (também muito caro) que essa empresa vende; e
(c) o
pessoal aqui do bairro – além de muita gente por aí pelo mundo – esses últimos
lendo deliciosamente gratuitamente e em português.
Lemos,
nós todos, (a), (b) e (c) acima, exatamente a mesma “informação”, que todos
consideramos importantíssima, e no mesmo dia.
Esse espantoso fato (achamos espantoso, pelo menos
assim, avaliado no momento do espanto, porque parece que obriga a pensar sobre o
que seja a tal “informação” que tantos tanto prezam, pela qual tantos cobram tão
caro, e que a gente aqui distribui fartamente e de grátis) ficou comprovado
hoje, quando WikiLeaks divulgou o
e-mail ID
758143, datado de 8/11/2011.
Nesse
telegrama Sean Noonan, da empresa Stratfor, reencaminha mensagem que recebera, e
recomenda a leitura de artigo publicado na revista Wired, assinado por Quinn Norton,
intitulado “Anonymous 101: Introdução ao
‘Lulz’”, que traduzimos.
Sean
Noonan, da empresa Stratfor, escreve, no
e-mail:
“Dez
pontos a quem inventou a expressão “ultra-coordinated motherfuckery” (que nós
traduzimos por “sarro ultracoordenado”, porque as soluções alternativas
“filha-da-putagem ultracoordenada” e “ferro-ultracoordenado-na- boneca”
foram derrotadas por votos, e “sarro ultracoordenado”
venceu).
Infelizmente,
a expressão se aplica ali a gente completamente não coordenada que jamais
ferrará ninguém. Mas aguardem, que vou achar melhor uso para a
expressão.
Na
mensagem inicial, Marc Lanthermann escrevera:
...
comentário cultural bastante bom sobre os Anon, mas inútil em termos de expor
detalhes “táticos”.
OK.
É a opinião deles. O que se vê, tão claro em tão poucas linhas, é que Noonan
avisa que há de achar uso em que ferrará, sim senhor, algum incauto. E
Lanthermann só se interessa por “informação” que exponha “detalhes táticos” dos
Anons (ou, talvez, de qualquer coisa,
não se pode saber).
Sobre
a empresa Stratfor, há “informação” em “Stratfor:
por dentro de uma CIA privada”, de jornal libanês,
traduzida.
Sobre
os e-mails da empresa Stratford, que WikiLeaks começou
a publicar essa semana, há “informação” de WikiLeaks, traduzida, em WIKILEAKS-2012: “Stratfor: Os Arquivos da
Inteligência/ Espionagem Privada Global”.
Absolutamente
não obramos aqui pra nos exibir oo por autopromoção, porque não vemos vantagem
alguma em constatar que a gente aqui distribui “informação” que pressupomos
interessante para nós... e aquela “CIA privada” acha que a mesma “informação”
também é interessante para ela e seus clientes (mas a “CIA privada” anota,
cautelosamente, que a informação é inútil se não expõe “detalhes táticos”).
Alguma
coisa estranha, para a qual não estamos dando atenção – e para a qual talvez
devêssemos estar dando atenção – há, nesse negócio aí, de recolher e distribuir
“informação”. Estamos terrivelmente intrigados. Estamos convencidos que alguma
coisa há aí, sim. Pra começar: a coisa talvez esteja na evidência de que uns
vendem informação, e a gente dá.
Os Anonymous
também fazem deliciosamente gratuitamente o que fazem (“Nossa esquisitice é
grátis” (ou, talvez, “Nossa esquisitice é livre”, questão indecidível), como se
lê em A
lógica dos Anonymous – exército online, agente do caos, em busca de
justiça, 13/1/2012, Gabriella (Biella) Coleman, Triple Canopy, n. 15, (em tradução). Parece que, sim, a grana (ou a
não-grana) tem alguma coisa a ver com construir e distribuir “informação”. (E,
seja como for, continua sem análise e discussão a questão dos “detalhes
táticos”, de que a “CIA privada” já sabe, mas nós, ainda
não.)
Estamos
nesse pé da reflexão. Todas as contribuições, ressalvas, correções são
bem-vindas.
[1]
“Quem
lê tanta notícia?” é verso de Alegria, alegria, Caetano Veloso,
1967, que se vê e ouve em...
...
do tempo em que Caetano Veloso cantava sem arrogância udenista e desafinava um
tantinho. Tinha algo (não muito, mas algo, um traço, uma coisinha) a ver com
“lulz”, né-não? \o/ \o/ \o/?
Infinitamente
mais bonito que o que se ouve a seguir:
Caetano
já igualzinho ao ex-FHC e atual NADA, hoje super afinadíssimo-chato. 1967 é
também o ano de “Domingo no parque”, do grande, grande imenso nosso ministro
Gilberto Gil, que parece que via o momento em que a festa vira tragédia (vê-se
ouve-se a seguir) , como tudo virou tragédia, logo no ano seguinte, em
1968.
Mas...
1967?! Já lá vão 45 anos! Faltavam ainda 13 (epa!) anos, para o PT aparecer no
mundo!
Clicando
no “link” podemos ver foto
do Presidente Lula em 1967. Nesse mesmo ano (1967), a presidenta Dilma
militava no POLOP e a ditadura brasileira inventou a Lei do Mobral, pra
alfabetizar e emburrecer simultânea e rapidamente o maior número possível de
pessoas.
A revista
Veja
estava sendo montada; foi lançada no ano seguinte, feito do qual Mino
Carta se orgulhou no início, depois se arrependeu.
Em 1967, Bruno Giorgi criou a
escultura
Meteoro, que lá está hoje, sobre o espelho d’água do Palácio das
Relações Exteriores, em Brasília.
Em 1967, o PCdoB publicou um documento
intitulado “Alguns problemas ideológicos”, contra o foquismo e contra a ideia de
substituir o papel dirigente do partido, pela guerrilha.
Naquele ano, Aloysio
Nunes Ferreira Filho assumiu a presidência do Centro Acadêmico XI de agosto, da
Faculdade de Direito, e trabalhava como motorista de Carlos Marighella, então,
para Aloysio um ídolo, embora guerrilheiro. Atualmente já ninguém sabe o que é o
senador (hoje) tucano-udenista Aloysio.
Em 1967 foi ao ar, pela primeira vez, o
“Jornal da Globo”, que, em 1969, passou a chamar-se “Jornal Nacional” e prestar,
jamais prestou.
Ora, tudo são “informações”. O xis da questão, afinal, talvez
esteja, mesmo, em aprimorar os “detalhes táticos”...
Castor,
ResponderExcluiressa história de "informação" é deveras interessante. O que é relevante e quem lê... Veja a histórinha abaixo:
METEOROLOGIA INDÍGENA
Aproxima-se o inverno.
Os notáveis da tribo vão ao cacique se esclarecer:
- Grande Chefe, o inverno este ano será rigoroso ou ameno?
O chefe, nascido e criado em tempos modernos, não aprendera como seus ancestrais os milenares segredos da meteorologia. Entretanto, não podia e nem queria demonstrar insegurança.
Olhou para o céu por algum tempo, elevou e estendeu as mãos, sentiu o rumo dos ventos e, em tom sereno, profético e firme anunciou:
- Teremos um inverno muito forte! É bom catar muita lenha!
Na semana seguinte, preocupado com o chute, telefonou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta:
- Sim. O inverno deste ano será muito frio!
Sentiu-se, então, mais aliviado e seguro.
Novamente aconselhou todo seu povo:
- O melhor que se faz é catar muita lenha... O inverno será rigoroso!
Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Nacional de Meteorologia e não deu outra:
- Sim... As evidências apontam este ano como de inverno muito rigoroso!
Dirigiu-se novamente a seu povo:
- Teremos um inverno muito rigoroso. Catem todo pedaço de lenha que encontrarem, temos que aproveitar até os gravetos.
Na semana seguinte, ainda um pouquinho inseguro, ligou para a meteorologia outra vez:
- Vocês tem certeza que teremos um inverno tão rigoroso assim, como estão afirmando há dias?
- Sem a menor dúvida, responde o meteorologista de plantão. Este ano teremos um frio muito, mas muito intenso mesmo, fora das médias tradicionais.
- E o que leva o homem branco a ter tamanha certeza?
- Meu amigo... Este ano os índios estão catando lenha pra caramba!
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
Não parece a fábula da inflação no Brasil? Os oráculos da economia vaticinam: vai ter a volta da inflação! A mídia repercute, faz escândalos... Os magos voltam a enfatizar, vem aí uma inflação "das bravas".
Os empresários sobem os preços preventivamente, e a mídia informa: viu só? O Banco Central corrige pra cima os juros da Selic. Nós falamos que ia ter...
Me lembra também a crise de 2008, "os homi" falando que ia ter crise, a mídia repercutindo, e o Lula avisando: vai ser só uma marolinha...
E não foi?
Richard Jakubaszko
Tem razão, Richard...
ExcluirOs "analistas econômicos" brasilóides não acertaram nenhuma, nem antes, nem durante, nem depois do Governo Lula/Dilma. Não vão acertar NUNCA, pois são extrema e pomposamente ignorantes. A qualidade da informação vendida como tal ao pobre pagante/consumidor é pura enganação. Os "compradores de jornais/revitas" devíamos nos queixar ao PROCON/IDEC por recebermos LIXO impresso em bom papel isento de impostos ao invés de INFORMAÇÃO.
Aliás, este seu exemplo/estorinha é uma ótima demonstração de como funciona a imprensa-empresa, não só brasilóide, mas ocidentóide em geral...
Abraço
Castor