Apesar de “Bibi”,
há muito Israel contra Israel atacar o Irã
12/3/2012, Brian M Downing, Asia Times Online
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Entreouvido
na Vila Vudu:
O que esse artigo nos sugeriu -- como pauta q aqui oferecemos à discussão geral
-- é o seguinte:
De
fato, o que está hoje MUITO RUIM, em todo o mundo -- e muito MAIS RUIM, até, que
as esquerdas -- é, de fato, A DIREITA!
Nunca
antes, nos últimos 50-70 anos, a direita esteve PIOR! Há 50 anos, POR EXEMPLO,
na direita dos EUA havia Kissinger. Era ruim, mas... Panneta é MUITO PIOR! No
Brasil, há 50 anos, a direita tinha Franco Montoro. Era ruim, mas... Alckmin é
MUITO PIOR! Havia no Brasil a UDN. Da UDN, por exemplo, conheci um deputado
paraibano, Osmar de Aquino, pai de uma amiga minha, que era MUITO udenista... e,
simultaneamente, era grande amigo, amigo íntimo, pessoal, do Velho Prestes, que
confiava cegamente no Dr. Osmar e que, aliás, conheci na cada do Dr. Osmar, aqui
em SP. Era oooooooutra coisa! Hoje, na UDN, há do ex-FHC ao ex-senador Virgílio;
há Cesar Maia; há o senador Aloysio; há Cerra; há Alckmin, Kassab, Marina
Silva...
SANTO
DEUS! Tudo isso é INFINITAMENTE PIOR que a direita daqueles anos! D. Danuza hoje
tem coluna de jornalista!
Nunca
antes na história desse país alguma Danuza teve coluna de jornalista! Quando,
algum dia, o jornalismo paulista foi pior que ISSO?!
Há em todos esses movimentos um importante e
claro avanço DAS ESQUERDAS, que as esquerdas
não estão conseguindo ver,
por absoluta falta de formação política leninista, por excesso de cultura
“ético-moralista” metida a inteligentíssima (que sempre foi, no Brasil, marca
registrada das elites brancas e ricas e uspeano-letradas); por excesso de
sociologias & economias neoliberais fanadas; por excesso de partidarismo
tribalista eco-ético-moralista petista; e, também, por absoluta falta de
vivência e de visão políticas, desses carinhas que não sabem o que seja a luta
política REAL, sob as terríveis condições que os pobres sempre enfrentaram em
todas as lutas políticas nesse Brasil da “ideologia de segunda mão”.
Mas
achamos, mesmo-mesmo, que nossas “elites” brancas e ricas e uspeano-letradas são
o horror que são hoje, mais que tudo, por excesso de contato-confiança-conluio
com o jornalismo brasileiro -- que é o pior do mundo; que não ajuda a esclarecer
ninguém ; e que, provavelmente, é responsável hoje, sobretudo, pela péssima qualidade, também, da direita
DELES [risos, risos, risos].
\o/
\o/ \o/ \o/ Essa é a melhor ideia que nos ocorreu, em muitos anos!
O
Gato Filósofo foi às lágrimas. Depois, semirrecomposto, pôs-se a enunciar frases
desconexas: “Bom... a luta é longa, mas...” - “É nóis na fita!” – “Te cuida,
UDN!” – “Se Bibi tá enquadrado na CBS... no domingo à noite, na televisão, nos
EUA, em ano eleitoral, então...
NO PASARÁN! NO PASARÁN! NO
PASSARÁN!”
_______________________
Brian M. Downing |
Washington vive
horas de suspense, ante novos desdobramentos no caso do programa nuclear
iraniano e correspondentes gritos de guerra. Primeiro, foi o primeiro-ministro
de Israel Benjamin Netanyahu que chegou à cidade para, em reuniões com o
presidente Barack Obama e com grupos norte-americanos pró-Israel, insistir em
sua tese de ‘guerra já’.
Dificilmente terá
voltado muito satisfeito para casa. Obama deixou-o falar, mas ao final, insistiu
em mais diplomacia. O assunto poderia ter ficado nesse pé mais diplomático, se o
debate não continuasse inflado na imprensa e na campanha eleitoral presidencial.
Netanyahu mobiliza todos os seus seguidores para forçar os EUA a atacarem o Irã
ou, não sendo isso possível, para que, no mínimo, apóiem algum ataque
israelense. E isso, diz ele, tem de ser feito imediatamente, antes que o Irã
esconda em sítios subterrâneos, nas montanhas, as suas instalações para
enriquecimento de urânio – que assim ficariam invulneráveis a qualquer
ataque.
Netanyahu tampouco
deve estar muito contente por o ex-chefe do Mossad (“equivalente israelense da
CIA”, como se ouve na entrevista, adiante) Meir Dagan andar também falando muito
à imprensa nos EUA – e dizendo coisas mais próximas da posição de Obama, que da
posição de ‘Bibi’. Dagan é analista escolado da geopolítica da região. Não há
dúvidas de que será ouvido atentamente.
Rápidos minutinhos com um chefe do
Mossad
No
domingo, Meir Dagan foi entrevistado no programa 60 Minutes programa muito popular nos EUA. A entrevista pode ser vista-ouvida a seguir:
... para
manifestar-se, embora obliquamente, em direção diferente do que as direitas
andam dizendo nos EUA e em Israel. A matéria veio cheia de fotos e subtemas,
para fixar as altas credenciais militares e de segurança do entrevistado e as
muitas vezes que seu nome apareceu associado a assassinatos no Oriente Médio.
Não faltaram trechos de outra entrevista, do ano passado, em que Dagan disse que
Israel atacar o Irã é “a ideia mais estúpida que jamais
ouvi”.
O ex-diretor do
Mossad reconheceu [para sincera ou fingida, e nos dois casos ridícula surpresa,
com ares de indignação, da jornalista que o entrevistava] que, com algumas
fracas restrições, a liderança iraniana é “racional”.
Dagan não apareceu
naquele programa para pregar sermões de filosofia cartesiana ou ensinar teoria
dos jogos. Ele lá esteve para separar-se ativamente de israelenses e
norte-americanos que dizem – e talvez creiam sinceramente no que dizem – que o
Irã seria governado por clérigos ensandecidos que esperam ansiosamente pelo fim
do mundo e que nada e ninguém conseguiria impedir de fabricar e usar bombas
atômicas. Para Dagan, o Oriente Médio pode chegar a uma situação de mútua
contenção. Foi exatamente o que EUA e União Soviética construíram e preservaram
ao longo de muitas décadas, até o colapso do regime comunista
soviético.
Dagan acompanhou
durante décadas as relações com o Irã. Sabe que Israel tiveram laços profundos
com o Irã do Xá e também com o Irã dos mulás, depois que chegaram ao poder em
1979, e que Israel ajudou na longa guerra contra o Iraque (1980-88). A quebra
das relações não é consequência de ideologia ou das políticas de Teerã; é efeito
de uma mudança política em Jerusalém: depois de verem o Irã destruir o exército
de Saddam na 1ª Guerra do Golfo, os israelenses passaram a ver o Irã como
potência árabe sem qualquer opositor local à altura e, por isso, como força que
poderia ameaçar Israel. E assim, rapidamente, Israel converteu o Irã em seu
principal inimigo regional.
O ex-chefe do
Mossad não descarta alguma eventual necessidade de atacar o Irã, mas entende que
o Irã está ainda distante (“talvez três anos”) de ter armas nucleares. Dagan
parece preferir a situação em que os EUA demarquem uma “linha vermelha” no atual
momento da produção de armas, que impeça que o Irã passe ao estágio seguinte nas
instalações de enriquecimento de urânio; isso, além do mais, daria ao Irã uma
saída honrosa para desistir de qualquer ataque. Por hora, em todos os casos,
Dagan prefere que se mantenham as atuais sanções e as tentativas diplomáticas
com vistas a estimular uma “mudança de regime” no Irã.
É difícil
subestimar a extraordinária importância da entrevista de Dagan no domingo à
noite, nos EUA. Foi como se, no início de 2003, (a) um respeitado ex-diretor da CIA ou
general e comandante militar norte-americano tivesse ido à televisão para falar
a grandes audiências contra o país invadir o Iraque; e (b) tivesse encontrado grande rede
comercial de televisão que lhe desse espaço e voz.
É possível que
Dagan tenha considerado tudo isso. Recentemente, disse que uma guerra contra o
Irã geraria ataques devastadores de retaliação contra cidades israelenses e
guerra regional cujos “desafios de segurança tornar-se-iam
insuportáveis.”
O
Likud e Israel
O público
norte-americano foi adestrado para receber declarações sobre a segurança
nacional de Israel, feitas por ministros israelenses ou grupos influentes nos
EUA, como o AIPAC, como se fossem declarações “técnicas” ou informação “isenta”,
e, sobretudo, como se fossem informações estabelecidas que não se poderiam
questionar. As palavras de Dagan enfraquecerão bastante essas crenças tão
difundidas na opinião pública; e os discursos de Netanyahu, que não se cansa de
exigir guerra, também passarão a ser vistos sob outra
perspectiva.
Avaliações sobre
segurança nacional são estimativas, aproximações e, não raras vezes, incluem
alguma dose de puro palpite; baseiam-se tanto em evidências reunidas em campo
como em crenças já existentes. Essa área escura numa imagem de satélite será um
processador de fertilizante, ou um silo de míssil nuclear? As interpretações
variam como variem as personalidades e as instituições.
O pensamento dos
israelenses foi, é claro, modelado pelo Holocausto, que tem paralelos óbvios,
embora superestimados, com as preocupações de hoje. O Likud de Netanyahu e
outros partidos conservadores em sua coalizão também foram modelados pelo efeito
da miraculosa vitória de Israel contra os grandes exércitos árabes de na Guerra
dos Seis Dias, de 1967.
Com certeza,
muitos terão pensado, foi sinal da divina providência que guia as ações de
Israel – conceito paroquial que se encontra ativo em outros países e em outras
religiões. O fundamentalismo religioso somou-se ali às razões de estado – dois
campos dogmáticos, cada qual a seu modo –, o que reduziu o espaço de influência
de políticos mais influenciados pela moralidade talmúdica e por raciocínio mais
nuançado.
A posição
extremamente dura e conservadora de Netanyahu não corresponde a qualquer
consenso da opinião pública israelense. Pesquisa recente constatou que só 19%
dos israelenses são favoráveis a um ataque unilateral de Israel contra o Irã.
Considerada a atual posição de Obama, Netanyahu, se insistir em exigir guerra
total contra o Irã, estará claramente falando sozinho.
Nem, deve-se
observar no debate sobre o Irã, seu partido e seus parceiros de coalizão tem a
exibir currículo muito recomendável de sucessos em política externa. Nos 35
anos, desde que Menachem Begin formou o primeiro governo do Likud, o partido já
várias vezes errou e fracassou gravemente.
Os ataques de
Israel contra o Líbano e militantes da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP) levaram ao surgimento de uma forte oposição xiita e ao
crescimento do Hezbollah. Esforços de Israel para enfraquecer o Fatah
fortaleceram o Hamás. Respostas desproporcionais a ataques palestinos
enfraqueceram muito o poder de Hosni Mubarak no Egito, tão importante para
Israel. A insistência em instalar colônias em territórios palestinos que Israel
ocupa na Cisjordânia gerou indignação e animosidade contra Israel em todo o
mundo, e fez crescer o apoio universal ao boicote contra Israel. É provável que
a decisão de romper com o Irã em meados dos aos 90s (invenção conjunta dos
partidos Labor e Likud) tenha tido papel considerável na geração da atual
crise.
Tambores de guerra e o público, nos
EUA
As declarações de
Dagan na televisão dos EUA vêm em momento auspicioso. Em muitos espaços, serão
calorosamente acolhidas e repetidas, como até hoje se repetem suas palavras, de
2011, sobre a estupidez de um ataque ao Irã. Desde a 2ª Guerra Mundial, o
público norte-americano foi rápido ao apoiar muitas ações militares; mas, hoje,
as questões centrais são a economia e a dívida. Porque aprenderam da dura
experiência recente, os norte-americanos não creem mais em cenários televisivos
que exibam ataques “cirúrgicos” e consequências
subavaliadas.
O Irã tornou-se
questão partidária: políticos, jornalistas e jornais conservadores não param de
fazer soar tambores de guerra – e de clamar por, precisamente, mais ataques
cirúrgicos e mais consequências subavaliadas. Obama já expôs o que pensa sobre
mais diplomacia e sanções; e as pesquisas o favorecem. Pesquisa de fevereiro
sobre a questão iraniana mostrou que 60% dos entrevistados preferem diplomacia
& sanções: 20% preferem nenhuma ação contra o Irã; e 17% preferem ação
militar.
A posição de Obama
será fortalecida também por aspectos aparentemente sem correlação, como alguma
melhoria nas condições econômicas e a muito evidente falta de atrativos nos
candidatos conservadores, cujos discursos e clamores patéticos a favor de guerra
e sangue não têm qualquer eco fora das fileiras mais conservadoras dos
conservadores. Insistir em pressionar a favor de mais guerra, de hoje até as
eleições de novembro, só fará chamar cada vez mais atenção para o caráter
partidarizado e pouco exequível da agenda de Netanyahu – seja nos EUA seja em
Israel.
Meier Dagan parece
que saiu do frio e, em conjunção com uma rede comercial de televisão
norte-americana, pôde falar diretamente aos eleitores dos EUA, num debate em
torno de uma guerra que ameaça todos. Suas palavras reverberarão pelos think tanks e gabinetes da segurança; chegarão
provavelmente até o AIPAC. Resta esperar que as palavras de Dagan tenham mais
credibilidade que as de “Bibi”.
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